Entrances

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Doravante

A noite não é fria, no entanto é longa,
Os sonhos que se perduram são eternos
Não pesa-me dizer: eu te amo, no inverno.
Pouco angustia-me as diversas rusgas!


Desabrochando feito flores primaveris,
Logo, desfazendo como dentes de leões
Cedendo sobras de suas tantas gerações
Transportando traços de vibrações, vis


Absorto no reflexo do seu sorriso cintilante,
Ríspida e benigna trama que acorrenta-me,
Qual louco nas garras, intrépido, destino!


Não avisto o que há de puro e cristalino,
Por hora a insensatez, persegue e corrói-me,
No austero e duro amor, que há doravante!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Córtex Cerebral


Córtex Cerebral

Cômodo sob esse, gramado morto
Folhas secas, sem o odor do orvalho.
Fito a funesta valsa cósmica, vultos
Esgueirando-se a sombra dos galhos,

Jaz os cadáveres, que aguardam a epifania
Verdadeira, agonizam, suplicando o destino
Seus corpos, não lhe dizem respeito, o divino!
A Psique, imersas em demasiada inania.

O concreto das réstias do pretérito.
Vem e vão num ciclo, -raios, inferno,
Brado por qualquer sentimento materno,
Enquanto rogo a ungido, pai e cristo!

Amaldiçoado, e o ciclo que cansa-me o espirito,
Aflito, com a voracidade que tudo se refez,
Onde reconheço, os estridentes gritos
No reflexo do lodo, do que nunca se desfez!

domingo, 20 de novembro de 2011

Amaro

Amaro

Leve é o sono e a noite longa,
O azucrinante tic a amofinar-me,
Do relógio qual sanguessuga
Extraindo o sono, após despertar-me!

A ânsia que perdura em minha boca,
Embrulhando-me da goela as vísceras,
Análogo ao mascar do ferrão das abelhas
Simplório com o mar bravio de ressaca.

Imprimindo-me a força do vômito,
Alojada na quina de minha garganta,
Por trás de toda cortina do teatro,

Do sábio e do obducto, restrito
É o paladar dessa ânsia de poeta,
Sabor do vocábulo doce e amaro!

A rosa negra

A rosa negra

Como uma alma que se refugia
Na solidão, com enorme frieza
Fazendo-se refém da sua covardia
Demasiando-se em fiel incerteza.

A matéria que somos, não orgânicas
Mas sim espectral, no seu retraimento
No auroreal momento, do nascimento,
Que foi esculpida das cinzas vulcânicas!

Desfazendo-se da parte negra do orbe,
Fúnebre seu linguajar, réstias da ruína
Mortífero como um corrosivo anélito

Em teu seio esconde ampla desfortuna
Proprietária de maldito porte, erudito
Oh! Rosa negra, dama de beleza, uniforme!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Retrato do Luar

Retrato do Luar


Absorto naquela luz longínqua e brilhante,
Via magnífica obra-prima, renascentista.
Inspirando grandiosos e únicos artistas.
Tanto sentimento do inanimado semblante!


Conversei com a obra-prima da natureza,
Enquanto ludibriava a dor que me agonizava
Lamuriava pouco a pouco qual a chuva,
Que ali caia, enquanto cortejava sua beleza


No eterno ciclo amaldiçoado que perdura,
A réstia do que sobrou de um, poeta.
Vendo passar como as folhas da primavera.


No meu jazigo onde descansa o corpo moribundo,
Como em meus loucos sonhos vis e profundo,
Digo-lhe um adeus eterno em minha lápide descrita!

Penumbra

Penumbra


Agora lembro-me com certa clareza
Sonhos sem fins, vis e agonizantes!
Aos berros estridentes, sufocantes.
Cultivando em mim aquela certeza,


Tão horrenda a cena que se repete,
Alojada no meu subconsciente.
Qual vulto que urge de repente,
Nesse vasto e cósmico agente!


Tétrica era a face cadavérica,
Feito um cadáver decomposto,
Que amedrontava me os olhos!




Observando-me como em um espelho,
Que vê através da forma física e métrica,
O abismo em que se prega em meu rosto!