Entrances

domingo, 19 de outubro de 2014

O bater da chuva

O bater da chuva

Sobre o telhado frágil a crueldade da mãe natureza
A ventania faz chocalhar os ossos assombrados
Sobre a erma chama a crepitar dentro do sobrado
Adentro dessa casa erma, outrora morada de tal beleza

Essa cacofonia de ventos e ossos assustados
Enlouquece vorazmente as almas desavisadas
No amplo seio deste velho sobrado, formas passadas
Esgueirando-se entre a penumbra, devastados

Pela onipotente mão de deus, julgo protetor
Da inocência e da justiça, dos sonhos de minha ‘lma
Das preces realizadas em silêncio por minha ‘lma
Clamo, pelo fim deste uivo da terra amedrontador

Os sonhos nesta noite ainda infinda, atormentando
Mais e mais, a cada hora lenta e mal corrida
A cada condensação do ar e o reflexo das esquecidas
Sim, destas almas ainda nesta casa, clamando

Mais e mais, noite após noite, pelo fim de seus pecados
Não foram nada mais que vítimas desta terra
Agrilhoados a materialização desta maldita era
No vale dos ventos, o que resta é este velho sobrado

Ouvindo noite após noite o vento uivante
A lâmina algoz que chocalha os ossos raquíticos
Com o frio incisivo pelas últimas palavras do paralitico
Quem ainda há de ouvir a quimera berrante

Noite após noite meras lembranças do passado
O dia já não nasce e as ermas chamas a crepitar
Extinguiram-se no momento que fui suplicar
A morte é uma mero algoz do fracassado

Neste vale dos ventos que fere a cerne
A besta da luxúria e da morte esta quimera ou fera
Que nos meus sonhos ainda atende por Bahugera
Há de regurgitar-me noite após noite, aos vermes

sábado, 18 de outubro de 2014

A consciência

A consciência

Das ermas portas do tártaro minha ‘lma
Brada vorazmente contra os grilhões
Podres, contra os pecados e maldições
De outrora, dos receios de minha ‘lma

Poderia nessa erma noite em saber
Que a maturidade, algoz de minha inocência
Essa jazida precocemente na ignorância
Da santa casa, sobre o tumulo que não se vê

Vago ermo entre as portas desta terra
Entre o tão longínquo rio Estige
Que essa terra de deus toda aflige
Quem sou eu? Perto desta quimera

Dos sonhos inocentes que tive a décadas
Atrás, dos poemas escritos naquele jazigo
Da infância forrada pelas sementes de trigo
Daquela distante terra agreste mal amada

Hoje não sinto remorso por minha partida
Desta terra não há poema, verdade ou mentira
Que leve, só está marcada alma que se retira
Com as chagas e a casca demasiada ferida

Pelas más influências dos signos do zodíaco
Minha ‘lma jaz entre as tumbas do Elisio
Quimera mitológica pela maldição de sifinsio
Bahugera, esta praga de um maldito hipocondríaco

domingo, 10 de agosto de 2014

O Uivo da Quimera

O Uivo da Quimera

Meu corpo exausto adormecia nas sombras
Deste mundo, vindo de um inferno todo
Em um sonho quase horrendo, nos umbrais
Essa besta de aparência nobre como um tolo

Vem, suave ao meio da noite esquecida e do agreste
Assombrar-me a minha pobre e exausta alma
Com esse som horrendo que aterroriza a alma
Essa cacofonia que jamais se esquece

Ouvir o uivo desta antiga fera em forma de besta
Eterna, a espantar todos os sonhos meus.
Que outrora sonhei, estes sonhos que eram teus
São esses pesadelos onde nada me resta

Apenas o uivo daquela sorrateira quimera
Vá para o inferno todo, sonhos bons ou mal
Aos amplos e infindo cantos infernais
Vá minha ‘lma junto com teu deus Bahugera

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sem título no momento

Sem título no momento

Meu corpo adormecia entre as sombras
Ermas desse mundo, entre o inferno todo
Mais um sonho bom ou mal, esse umbral
Aterrorizando-me com a besta como um todo

Sussurra um uivo do esquecido agreste
Assombrando minha pobre e vil alma,
Sim esse som que inferniza essa alma
É o som que jamais se esquece

Esse uivo a minha porta, essa besta
Eterna, a espantar os meus sonhos
Com seu aspecto e semblante medonho
Esses que jamais sonhei iguais, nada resta

Nesse mundo se não o uivo da fera
Entre meus sonhos bons e mal
Nos infindos cantos infernais
Vá alma, junto com a fera Bahugera

domingo, 16 de março de 2014

Não há nome


Não há nome

Perfuma lentamente, dispersada pelo vento
Esta noite, pairam sobre minha 'lma lembranças
Vazias e inanes, mortas como a última dança
A crepitar pelo fogo errante e o vento

Inalo o odor intoxicante e alucinante da gasolina
Bailando diante de mim, a alucinação o êxtase
Aguardado a liberdade eterna, uma cartolina
espalhada pelos fragmentos do esctâse

Ouvi tão distante as vozes de minha infância
A uivar no vento frio, a crepitar no fogo ardente
A perfurar-me o peito, fazendo-me ranger os dentes
Estou a relembrar as antigas cantigas.

O vento passa pelo negro buraco em minha 'lma
A ausência inevitável o amor inacabado
É impossível de viver, não existe passado
Nem futuro ou presente, para esta vida inanimada

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Última Aurora

Última Aurora

Por capricho deste destino, nesta terra morta
Fui concebido, está agora minha terra natal
Tem me angustiado, a alma frágil e mortal!
Os dias a decorrer, pelo timbre infernal

Do mesmo relógio que bate noite após noite
Ao epitáfio da noite doirada, e amei mais
Sofri mais nesse inferno todo, angustiei-me mais
Nunca mais, nunca mais, repito noite após noite

O seio de gaia, agrilhoa-me a vida insuportável
Aos contos de Orion, dos amores imagináveis
Senti o ferrão do escorpião de formas inigualáveis.
As lâminas do destino, o conto insuportável

Eu que amei esta terra por razão que me cora
Ouço o orvalhar suave desta ultima manhã
Ao suspirar minha alma jaz no amanhã
Que deus, permita-me que seja a ultima aurora!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Bahugera Sanatório - Desejo da Quimera

Bahugera Sanatório - Desejo da Quimera


Minha 'lma encontra-se na forma mais vil
De toda a criação, esse abismo de rochedos forte
Que beiro é a criação da loucura para a morte
Enquanto agonizo neste quarto, febril

O lançar destas trevas sobre a noite infinda
Ouço ainda pelo sussurrar das vozes celestes
A atroz quimera de minha 'lma tão temida
O inferno é a terra até que o último suspiro reste

Ouço novamente sussurrar as vozes celestes
Relembrar-me dos pecados que me persegue
Não há mentira nesta terra que ateste

A erma dor que sinto nessa noite do Agreste
Ouvi agora o fogo fátuo desta terra
A qual minha quimera jurou guerra

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Psicologia Pessoal - Em busca de Afrodite

Em busca de Afrodite

Eu, tenho vivido nesta terra abençoada
Por uma força imanente e impotente
Tenho também sofrido qual doente
Moribundo, nesta terra amaldiçoada
Sou e fui o poeta de minha vida e dos sonhos
Estes tão doirados, quase fictícios
São visões deste verdadeiro paraíso?
Toda realidade é este fatídico eufemismo

Nesta terra abençoada, vim ao mundo ermo
Sim, vagando entre experiências
Vazias, entre as catacumbas de meu pensar
Venho entre mil e uma madrugadas conjecturar
As verdades imposta, entre os termos
Da imortalidade, das artes, das ciências
Sofro cada dia mais em busca da verdade
Acobertada entre mil e uma fatalidades

Passaram-se noites em claro desde meu nascimento
Sim, aquele belo e vil auroreal momento
Onde as estrelas do imenso céu celeste
Designaram o intrépido e vil destino
Esta sina, marcada por forças imanentes
Que deus ou força imanente conjectura esta verdade
Impondo-me a essas vazias nulidades espirituais

Sim, andei ermo e marchei firme por esta terra
Que desola toda alma em dor aguda
Onde a única certeza é o enterro no sol
Poente, e a cova já são tão profundas
Que torna nula a tentativa em prol
Desta vida, sim é neste sepulcro e nesta terra
Que vivo em tamanhos desencantos celestes
Sim, não resta mais nada se não a sombra do cipreste

Nesta terra de ninguém, os pensamentos são incertos
A paranoia é um mal contínuo, uma doença eterna
Os dias são longos, o medo é interminável
O descanso é um sonho quase impossível
Todo dia o brilho doirado das manhas de taverna
O cheiro de álcool espalhado em muros de concreto
Entre os sonhos quase esquecidos dessas manhãs
Queimando em labaredas infindas em minha massa

Todos os dias que passam intermináveis
Passam de forma vil, lenta, amarga e ranzinza.
São apenas pensamentos até o atual momento
Dos semblantes que atenuam qualquer sentimento
Desgastados entre as labaredas de minha mente
Que vai e vem, tudo é interminável e ausente
O dia vai em inúmeras e incontáveis variáveis
Restando-me apenas flashes e cinzas

Os flash queimam iguais a filmes antigos
Abandonados entre as caixas de um sótão
Que certa vez a inocente criança, as reproduziu
Todo o passado desfez em fogo, sumiu,
Todas as imagens do passado, o brasão
De nossas famílias é o nosso vil jazigo
Sim, nas primaveras de folhas mortas
A minha 'lma em sua porta se reconforta

Olhe as estrelas distantes do céu celeste
Que expurgam as memórias esquecidas
Que arderam em labaredas, infinda
O fogo brandiu, e tudo virou cinzas
A criança antes sorridente e inocente
Não passa agora d'um velhaco ranzinza
Toda essa singular dança imanente
Repete-se no passado, futuro e presente

São sonhos, de outrora, são desta vida
Desta terra erma, essas reflexões perdidas
A sondar meu córtex cerebral, os laços
Formados em meu cérebro, refletem
Os sonhos e sentimentos, vividos
Entre o cheiro da fumaça, esquecidos
As memórias perdidas, repetem-se
No último tragar deste meu maço

Na noite essas memórias em fervorosa ascendência
Repetem-se num rodopiar infernal
Passa ela em claro, revendo minhas feras
O monstro de minha 'lma, maldita criação
Sonhos perdidos, pela influência zodiacal
As estrelas que regem esta citação
Somos todos uma gigantesca e vil quimera
A engolir-se por inteiro nesta decadência

Essas memórias, essas vozes na noite infinda
São de onírica e abissal magnificência
O beijo de minha amada deusa Afrodite
Parecem sonhos que nunca os tive
É esse interminável filme em preto e branco
Cenas de amor, de terror que perfura meus flancos
Continuo exausto confrontando as ciências
Ao buscar as repostas quais jamais obtive

Nove pesadelos durante a noite

Nove pesadelos durante a noite - Reescrita

Essa manhã acordei com um gosto esquisito,
A boca, um gosto seco quase análogo a morte,
Todo o esplendor da vida foi jogado a minha sorte
Nessa noite, meus sonhos tornaram-se inóspitos.

Minha 'lma, essa que ausenta-se da futilidade,
De existir, esquecida entre tomos ancestrais,
Livros de cousas primordiais entre ruídos infernais
Talvez, fosse apenas a descrença da realidade.

Porém a noite tornara-se longa, minha 'lma
Turva e densa, por uma neblina cinzenta
A tempestuar meus sonhos, essa tormenta
Perfurava a noite, dilacerando minha 'lma

Eu acordava exausto, entre as horas infindas,
Dessa noite, e olhava em vão procurar paz,
Entre essas almas que atormentadas, jaz.
Pouco esperava se não a despedida desta vida.

Entre as sombras dessa noite, a mente em pane
Pelos fatos desta terra ser mera ilusão!
Talvez toda verdade da noite seja, aversão
Efervescendo minha massa nefasta e inane.

Entre as sombras dessa noite abissal,
Eu adormecia entre pesadelos infernais
Suplicando e clamando cada vez mais e mais,
Enterrado vivo, nesse mundo imortal!