Entrances

sábado, 13 de maio de 2017

Lembranças de sua partida

Lembranças de sua partida

Borbulha a noite pensamentos infindos
O que é a morte se não um conto vivido
O que é a imortalidade? Um desejo proibido
Talvez seja o medo em seu impertinente grunhido

Passam-se anos um, dois, três e quatro
E o corpo nunca esquecido, que a terra guarda
Traz consigo a lembrança do que não se retarda

O que é a vida se não um imenso e trágico teatro
Ouço o barulho a crepitar das chamas da vela
A impertinente canção que ecoa de dentro da capela

Ofusca-me a mente e distorce a percepção da realidade
Que tudo e nada seja apenas uma mera ficção ou maldade
Celeste ou Divina? Tão triste e fúnebre qual sua partida
Desta terra ao terreno sacro da terra prometida

O que há de expressar tamanha saudade
As lembranças a crepitar queimam
Lentamente no tempo, na memória dos que amam

Resta me apenas a lembrança quase disforme
De sua memória e de sua vida, nesta singularidade
Universal em que a sua mente ainda dorme.



sexta-feira, 3 de março de 2017

Despertar - A inércia de Bahugera

Despertar - A inércia de Bahugera

Olha lá distante nesta neblina cinzenta
Cega-me a visão desta realidade
Ou de tudo que nesta terra deixará saudades
Talvez no ultimo gaguejar da voz sonolenta
O que esconde está chuva com o cheiro orvalhado
As lembranças de anos, que desta carrancuda vida
Repleta de falhas que aguarda a cova despida.
Que há de descansar o que restou da psique humilhado.
O barulho sereno desta chuva, ainda gélida
Essa que no âmago mais profundo ainda aquece
A alma exaurida, no último suspiro, na última prece
Enquanto agarra-se ao último fragmento da crisálida
Tão frágil que separa a vida da morte no mesmo instante
Inalcançável, nessas mãos raquíticas e domadas pelo medo
A assistir a vida diante dos olhos crepitar tal qual filme distante
Sim o fogo fátuo, a vida que se esvai como uma peça sem enredo.
Escutei ainda o vazio sepulcral que existe na alma
Aquele que lhe acalenta o corpo e petrifica
O que resta da mente, ao que purifica e crustifica
Sim, nesta noite tempestuoso, restituo a essência
Do orgulho e da mentira, do pecado original
No cântico quase infernal desta chuva, ainda gélida
A visão que ainda mais profunda enlouquece
A alma exaurida, no último suspiro, na última prece
Enquanto despedaça o último fragmento da crisálida
Que fragilmente separa a vida da morte no mesmo instante
Domável, nessas mãos raquíticas e domadas pelo medo
A encerrar a vida de forma abrupta e não obstante
Olha lá distante nesta neblina agorenta
Clarifica-me a visão do que é verdade
Ou de tudo que nesta terra deixará saudades
Talvez no ultimo gaguejar da voz odienta
Sim, nesta noite tempestuoso, restituo a essência
Da luxúria e da inveja, dos pecados do segredo.