Entrances

sábado, 28 de janeiro de 2012

Alarde de minha morte

Alarde de minha morte

Eu que a muito já vivi
Escrevendo simples versos,
De lamentos tão dispersos,
Tão breve eu sei que morri.

Na vida em que nasci,
Fui de sábio a tolo,
Ao chorar pelo seu colo,
Para que eu possa sorrir!

Nada sou mas que a alma,
Que tem sede da poesia,
Na penumbra da maestria,
Com mórbida e eufórica calma.

Eu que no simples crepúsculo,
Que cobre a nossa existência,
Da vida que jaz em decadência
Adentro do ser que é minúsculo.

É de pobre e cruel porte,
A maldição que eu carrego,
Como as chagas do cego
Que chora a própria morte.

No alucinar da vida humana,
Fui de sábio a próprio tolo,
Ao chorar pelo seu colo,
No ebulir da massa insana!

A vida que já não é minha,
Anunciou sua própria hora,
Único o momento sendo, agora?
Onde se encontra sozinha.

Fui poeta dos sentimentos,
Para onde vou lágrimas não rolam,
Tantas dores não se desenrolam,
No austero seio do lamento.

Sendo ser de forma inane,
Já fui grandioso e culto,
A penumbra é um insulto,
Aos meus delírios de pane!

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